O "Toplessaço",
protesto convocado em uma rede social para um topless coletivo na praia
de Ipanema, cidade do Rio de Janeiro (RJ), na manhã deste sábado (21). A
proposta do encontro é promover um debate sobre a não-criminalização da
nudez feminina, e decretar o "fim da repressão policial sobre os
corpos" - Ricardo Moraes/Reuters
Vendedores ambulantes, fotógrafos e curiosos assumidos começaram a se concentrar em frente à Rua Joana Angélica, por volta das 10h, antes mesmo da chegada de qualquer ativista. E não esconderam a decepção quando milhares se converteram em menos de uma dezena. "É propaganda enganosa. Cadê as 8.000 que o Face dizia que teria? Vim aqui para apreciar", admitiu o vigilante Oséias Lobato, de 47 anos.
Quem aceitou tirar a blusa e ficar com os seios nus, foi imediatamente cercada por uma multidão que queria registrar o momento com celulares e câmeras, e ainda teve de ouvir gracinhas dos mais exaltados. "Não entendo por que meu corpo tem que chocar tanto. Quantas vezes isso precisa acontecer para as pessoas começarem a achar natural?", questionava a estudante Carolina Jovino, de 19 anos, que se dizia até assustada.
A cineasta Ana Paula Nogueira, de 34 anos, não parecia preocupada com as reações adversas e chegou a fazer poses sensuais diante dos flashes. "Infelizmente, o Rio ainda é uma cidade muito careta, mas alguém tem que fazer isso para que um dia se torne natural", disse, lembrando a célebre imagem de Leila Diniz quando foi à praia grávida de biquíni, em 1971. "Foi muito comentado na época, mas hoje não choca mais ninguém."
Leia na coluna de Rodrigo Constantino: Peito de fora ainda é revolucionário?
Os amigos Rennan e Victor aderiram ao toplessaço
Como começou - A motivação para o Toplessaço veio da repressão policial sofrida pela atriz Cristina Flores, de 37 anos. Em novembro, ela tirou a blusa na Praia do Arpoador para ser fotografada e divulgar a peça Cosmocartas. Havia pouca gente na praia. Foi abordada por três policiais e obrigada a vestir a blusa. Caso contrário, seria presa e autuada por "ato obsceno".
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