No primeiro dia de funcionamento do Bilhete
Único Mensal, foram relativamente poucas as pessoas utilizando o novo
benefício, que começou a valer ontem. Entre a meia-noite e as 10h, 67
passageiros carregaram seus cartões com o mecanismo de cobrança
temporal. Esse número representa 1,1% dos 6 mil usuários que já buscaram
seus bilhetes nos postos da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa que
administra a rede de ônibus na capital paulista.
Para o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, é natural
que ainda seja proporcionalmente baixa a utilização. "Diferente de
quando implantamos o Bilhete Único dez anos atrás, (agora) é progressiva
a adesão, porque primeiro as pessoas precisam conhecer e começar a
fazer a conta de que vale a pena", disse o dirigente, que foi testar o
novo cartão no Terminal Bandeira, na região central.
Com o Bilhete Único Mensal, uma das principais promessas de campanha
do prefeito Fernando Haddad (PT), os interessados podem fazer quantas
viagens quiserem no sistema de transporte público ao longo de 31 dias,
pagando uma tarifa fixa. Existem três modalidades: a integral (por R$
230, usa-se ônibus, metrô e trens), a exclusiva para ônibus (por R$ 140)
e a só para a rede sobre trilhos, que também é vendida por R$ 140.
Contudo, ainda ontem havia quem reclamasse da falta de divulgação do
programa, lançado oficialmente em abril, quando começaram os cadastros
dos interessados. Caso do supervisor de atendimento Renato Soares, de 35
anos, que pega ônibus diariamente para ir trabalhar na Lapa, na zona
oeste. Ele mora na Santa Cecília, na região central. "Sinto falta de
informações sobre o novo bilhete." Soares usa vale-transporte (VT)
durante a semana e, aos sábados e domingos, carrega um Bilhete Único
comum para se deslocar. O intuito é não gastar o saldo do VT.
Pessoas como ele são a aposta da Prefeitura para aderir ao programa,
que, segundo os cálculos da Secretaria Municipal dos Transportes, pode
beneficiar ao menos 861 mil pessoas, que pagam hoje mais do que os
preços estipulados para o bilhete mensal. A maioria usa o VT.
"Isso permite que além de ele sair de casa e ir para o trabalho possa
ir visitar um parque, ir ao cinema", afirmou Tatto. A projeção dele é
de que as viagens subam nos finais de semana e nos horários entre os
picos. Porém, a frota de ônibus aos domingos, dia que mais terá impacto
do bilhete mensal, não deve crescer.
O professor Kazuhiro Uehara, de 60 anos, espera usar mais aos finais
de semana, embora ainda não tenha se cadastrado. "Em outros países, já é
assim." Até ontem de manhã, 158 mil pessoas haviam se cadastrado para o
bilhete mensal. A cidade tem 4,5 milhões de passageiros de ônibus. A
Prefeitura estima um subsídio anual de até R$ 400 milhões com o
benefício.
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