segunda-feira, 9 de setembro de 2013

‘Quero viver com ela até morrer’, diz ex-freira após casar na Grande Natal


“Queremos viver juntas até morrer”. Assim a ex-freira Maria Francineide Silva de Moura, de 43 anos, resumiu os planos após o casamento com a vendedora Lúcia Janaína Pinheiro, de 37 anos. As duas trocaram alianças nesta sexta-feira (6) no 2º Ofício de Notas de São José de Mipibu, cidade da Grande Natal. Com uma cerimônia simples, regada a salgados e refrigerantes, o casal comemorou a data na sede da Sociedade Terra Viva. Por hora, a ideia é permanecer morando na cidade de 40 mil habitantes. Francineide deixou a vida religiosa há mais de uma década, mas até encontrar Janaína não havia assumido a homossexualidade.
A lua de mel estava planejada para acontecer em São Miguel do Gostoso, cidade do litoral Norte potiguar. Porém, a ida à praia paradisíaca foi adiada por questões financeiras. “Vamos ficar por aqui mesmo. A despesa do casamento apertou e decidiremos só daqui a 15 dias”, explicou Francineide. Ela e Janaína ainda não têm destino definido para as núpcias.
Potiguares de Natal e Mossoró, elas se conheceram na adolescência. Porém, a paixão entre as duas só foi descoberta quando se encontraram, há seis meses, na casa de uma amiga em comum. “A minha família foi aceitando com naturalidade depois de um tempo. Na dela, o impacto foi maior. A sociedade diz que não é preconceituosa, mas o preconceito aparece quando acontece dentro de casa “, relatou a ex-freira. Agora casadas, elas moram com a mãe de Francineide, que é cadeirante e carece de cuidados.
Quanto ao futuro, o casal pretende abrir uma gráfica em São José de Mipibu. Fracineide, que trabalha como professora do ensino fundamental, espera dar início aos  negócios o quanto antes. “Já fazemos serviços gráficos e temos trabalhos previstos”, contou a ex-freira.
acompanhe a Agência LGBT no facebook
Muito mais do que o casamento, o amor de Francineide por Janaína fez a professora pôr fim à angústia de anos. “Perguntei se ela tinha coragem de casar e assumir nossa condição”, diz. A companheira a fez mudar até mesmo o temperamento explosivo. “Agora estou tranquila. Ela foi tudo de bom que poderia ter acontecido na minha vida. É uma pessoa diferente para mim, que me complementa”, confessou.
Religião foi refúgio
Para a professora, a religião serviu como refúgio na juventude. “Foi uma forma de esconder minha sexualidade. Não me sentia atraída por meninos”, explica. Francineide começou a se preparar para os serviços religiosos aos 16 anos. Com 29, o caminho foi o mosteiro da cidade paulista de Marília, onde ficou em clausura por três anos se dedicando às orações. “Uma hora vi que aquilo não tinha nada a ver comigo”, contou.
Tema tabu quando se trata de Igreja Católica, Francineide explica que a homossexualidade não abalou suas crenças. “Acredito nos dogmas, mas não posso viver me anulando. Só busco a minha felicidade”, afirmou.
do G1
por Felipe Gibson

Nenhum comentário:

Postar um comentário