quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

iretor de 'Azul é a cor mais quente' diz que quis 'banalizar o amor gay'



Adèle Exarchopoulos em evento em SP (Foto: Cauê Muraro/G1)Adèle Exarchopoulos em evento em SP
(Foto: Cauê Muraro/G1)
O cineasta franco-tunisiano Abdellatif Kechiche e os atores Adèle Exarchopoulos, Mona Walravens e Jérémie Laheurte participaram de um evento de divulgação do longa "Azul é a cor mais quente" em São Paulo nesta sexta-feira (29). Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, o filme estreia dia 6 de dezembro no Brasil.
Adaptação da história em quadrinhos homônima, escrita e desenhada por Julie Maroh, "Azul é a cor mais quente" retrata as mudanças na vida da garota Adèle, que, aos 15 anos, conhece Emma (Léa Seydoux), uma jovem de cabelos azuis por quem se apaixona. Keniche insistiu que seu filme é "uma história de amor" antes de ser "uma história de amor entre duas mulheres". Na coletiva, admitiu que a proposta era "banalizar o amor gay".
Já Exarchopoulos lembrou a época em que foi convovada para as filmagens. "Recebi o convite para este filme na época em que estava para prestar uma prova de acesso à universidade. Deixei de fazer essa prova, mas não me arrependo", declarou Exarchopoulos, durante entrevista. O tradutor explicou que o exame é o equivalente francês do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
O diretor comentou a polêmica – e longa – cena de sexo entre as duas protagonistas. "A cena, na verdade, tem seis minutos, e não oito como disseram. Acho que esse tipo de crítica à duração é uma visão típica da nossa época, em que se fica contando esse tipo de coisa. Considero aquela uma cena de amor anódino. Espero que, daqui a uns anos, restem outros tipos de comentários", afirmou.
Kechiche explicou por que dos muitos closes no rosto de Adèle e das outras personagens. "Trata-se de uma gramática cinematográfica, de escolha e valor das cenas. Tenho consciência plena de que essa escolha pode perturbar, porque é um jeito pouco habitual de filmar. Filmo rosto, filmo pele, filmo lábios - isso expressa muita coisa, aquilo que não pode ser expressado pelas palavras". O cineasta contou que não toma essas decisões antes de filmar, mas que elas acontecem no dia a dia.
Sobre a recepção ao filme pelo público gay, Kechiche disse que não gosta de fazer distinção entre "franceses, americanos ou russos". "Gosto menos ainda de fazer diferença entre comunidades. Este filme aspira até a banalizar o amor homossexual. Quero que o espectador se identifique com Adèle, seja homem, mulher, homossexual ou hétero. A ideia é atingir o ser".
O diretor falou sobre algumas críticas da mídia internacional que o acusaram de machista em algumas das cenas de sexo. "Acho que, na verdade, essa é uma crítica de poucas pessoas que se dizem representantes dos homossexuais. É uma crítica vazia, oca", observou. Em seguida, perguntou-se: "Os autores das críticas diziam que eu usei um olhar masculino. Mas o que seria um olhar masculino, um olhar feminino, ou o que é o correto na visão delas?".
Dizendo "não ser contra crítica", argumentou que falou definir o que seria a tal "visão correta". "Essas críticas são perigosas, porque dizer que existe um olhar correto é trancar esse amor numa camisa de força atrelada a alguma preferência sexual. Talvez feministas achem que é um direito exclusivo delas contar uma história de amor entre duas mulheres. Eu, como artista, tomei essa liberdade."
Exarchopoulos comentou as cenas de manifestações nas ruas e ressaltou o senso de coletividade na França. "Este filme é fiel à juventude francesa. Nós costumamos descer à rua pelos motivos mais variados", disse. Jérémie riu ao falar sobre a "quase mania de se manifestar" que os jovens franceses têm. "Às vezes, os estudantes usam manifestações para matar aula", brincou.
Adèle Exarchopoulos no filme 'Azul é a cor mais quente' (Foto: Divulgação)Adèle Exarchopoulos no filme 'Azul é a cor mais quente' (Foto: Divulgação)
Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux no filme 'Azul é a cor mais quente' (Foto: Divulgação)Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux no filme 'Azul é a cor mais quente' (Foto: Divulgação)

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