
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB),
participou na noite desta quinta-feira da primeira sabatina online de
um prefeito brasileiro com organizações sociais, representadas por
diversos segmentos da sociedade, na qual o principal assunto foi a
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus, cuja
primeira e tumultuada sessão aconteceu nesta manhã e fechou a avenida Rio Branco por quase cinco horas. Para Paes, a comissão descobrirá se existe “batom na cueca”.
“Eu já participei muito de CPI, já fiz como oposição (quando deputado federal),
e por mais que você tenha vereadores de base, a CPI é um instrumento
que permite uma série de informações até confidenciais e a todos o
acesso. Se tem batom na cueca, picaretagem, isso pode ser aberto. Vou
respeitar a decisão da Câmara”, afirmou o prefeito, após questionamento
do músico e ativista social Tico Santa Cruz.

A principal crítica ao prefeito gira pelo fato de que,
dos 51 vereadores que compõem hoje a Câmara Municipal, apenas oito fazem
hoje oposição ao seu governo. O tema que causou uma série de
manifestações e a ocupação da casa foi o fato de que a presidência da
CPI ficou a cargo de Chiquinho Brazão e a relatoria, com Professor
Uóston, ambos do PMDB, da base de Paes, e que sequer assinaram o pedido
pela CPI.
Na conversa simultânea pela internet, conhecida no termo
online como hangout, no qual o debate é disposto em telas em que todos
os participantes têm poder de intervenção, Paes foi novamente cobrado a
cerca do tema da CPI dos Ônibus por Miguel Lago, cientista político do
grupo Meu Rio, que cobrou o prefeito sobre seu suposto poder de
intervenção na Câmara para que os projetos de seu interesse sejam
votados “a toque de caixa”, em contrapartida em que haveria uma espécie
de má vontade com a Comissão Parlamentar de Inquérito.
“Eu não deixo vereador à toa. Eu trato de pressionar,
sim. Eu pressiono para projetos de interesse do Executivo. É papel meu
pressionar, tem gente acompanhando, líder de governo. Claro que tem.
Agora, você tem coisas que não são do Executivo. Uma Comissão
Parlamentar de Inquérito é prerrogativa do Legislativo. Eu não posso
pedir uma CPI. Eu mando um projeto de lei. Oposição sempre vai dizer que
tem rolo compressor. Eu deixo à vontade quando é prerrogativa do poder
Legislativo”, afirmou o prefeito.
Questionado pela advogada e pesquisadora do Instituto
Mais Democracia Fabrícia Ramos se ele considera democrático o fato de
que quatro membros da CPI sequer votaram pela sua realização, Paes
afirmou que “é um instrumento da democracia. Eu preferia que não tivesse
uma Comissão de Parlamentar de Inquérito, preferiria estar eu mesmo
explicando, mas isso é democracia”.
Sergio Cabral
Ainda no debate online, que teve mediação do jornalista da rede Bandeirantes Rodolfo Schneider, Paes foi questionado por Jailson Silva, fundador e diretor do Observatório de Favelas, sobre o “derretimento do governador Sergio Cabral (PMDB)” após as manifestações terem se deflagrado pelo Brasil e, sobretudo, no Rio de Janeiro.
Ainda no debate online, que teve mediação do jornalista da rede Bandeirantes Rodolfo Schneider, Paes foi questionado por Jailson Silva, fundador e diretor do Observatório de Favelas, sobre o “derretimento do governador Sergio Cabral (PMDB)” após as manifestações terem se deflagrado pelo Brasil e, sobretudo, no Rio de Janeiro.
Cabral foi bastante contestado pelo fato de se omitir da
pressão social das ruas, que o chamava de ditador. “Eu não estou aqui
para falar do Sergio Cabral, ele mesmo reconheceu que houve falta de
diálogo, erros e equívocos”, disse sobre o governador fluminense, seu
grande braço direito em suas duas eleições municipais, que está cada vez
mais distante de suas aparições públicas. “Eu estou aqui por causa das
manifestações”, admitiu.
RJ: Paes nega gasto com Campus Fidei, que seria usado na JMJ
“Eu tinha que fazer um esforço extra para dialogar com a
cidade. Eu percebi que tinha uma série de movimentos importantes que eu
não estava ouvindo”, completou sobre a iniciativa, usada também em
outros países, como já ocorreu, por exemplo, com a primeira ministra da
Austrália, Julia Gillard, e o presidente dos EUA, Barack Obama.
Outros temas foram discorridos sobre o processo de
encarecimento da cidade, principalmente imobiliário, o que, segundo o
prefeito, se deve pelo fato de que “o Rio se tornou uma cidade da moda”,
mas que isso não quer dizer que a nobre zona sul, por exemplo,
concentre todo este movimento. “Brás de Pina (subúrbio) foi o bairro que mais se valorizou, o segundo foi Madureira”, disse.
Sobre a polêmica escolha do terreno de Guaratiba que
deveria servir para a vigília e Missa de Envio da Jornada Mundial da
Juventude (JMJ), no mês passado, eventos que passaram para Copacabana,
sobrecarregando o bairro, Paes afirmou, após o questionamento do
vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Ronaldo
Cramer, que essa decisão foi do Comitê Organizador da JMJ e que “a
prefeitura não colocou ali um tostão”.
Sobre o fato de que o local pertenceria, como sócio, ao
filho de Jacob Barata, grande empresário do setor de ônibus, o prefeito
do Rio foi irônico: “se é de ‘baratinha’ ou ‘pernilongo’, até hoje
ninguém me provou”.
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