Organização busca desvincular Parada Gay de ‘Carnaval fora de época’
Evento deve ser momento de visibilidade de uma população que vive dias de ‘ódio e intolerância’, diz organizador
O presidente da Associação da Parada do
Orgulho GLBT, Fernando Quaresma, afirmou neste domingo, pouco antes do
início do evento, em São Paulo, que a Parada não pode ser vista apenas
como um Carnaval fora de época, mas sim como “um momento de visibilidade
massiva de uma população que vive dias de ódio e intolerância”.
Ele lembrou que nos últimos 20 anos há o
registro de mais de 20 mil mortos por intolerância sexual no Brasil e
que o País não pode entrar em um período de retrocesso, principalmente
no legislativo. Quaresma diz que vivemos hoje uma realidade arcaica e
que o “antigo” falso moralismo está de volta.
“Querem impor um modelo fascista de
Estado. Começou (esse falso moralismo) com a proposta de casamento
civil. E agora convivemos com o (deputado federal) Marcos Feliciano e
outros fundamentalistas de plantão. Não aceitamos retrocesso e a
desigualdade que tentam nos impor”, disse ele. “Lugar de religião é nas
igrejas e nos cultos, não na Justiça ou no legislativo”.
A 17ª Parada do Orgulho GLBT (Gays,
Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), programada para este
domingo na avenida Paulista, em São Paulo, terá como tema central a luta
contra o “retrocesso”. Com o mote “Para o armário nunca mais”, os
organizadores pretendem destacar o que chamam de ação de “segmentos
religiosos fundamentalistas”, que estariam agindo no Legislativo
brasileiro.
Um dos alvos será o deputado federal
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias (CDH) da Câmara, a quem os manifestantes reservaram o
último dos trios elétricos da Parada para protestar.
No campo musical, a apresentação da
cantora Daniela Mercury – financiada pelo governo baiano -, que
recentemente assumiu um relacionamento com outra mulher, será o ponto
alto. A apresentação contará com 22 músicos, a partir das 14h. Está
confirmado ainda show de Ellen Oléria, vencedora do programa The Voice
Brasil, da Rede Globo.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy
(PT-SP), disse que a presença de Feliciano na comissão de Direitos
Humanos da Câmara é “uma tragédia grega”. “É o ápice da falta de
respeito com a comunidade. Estamos engessados em uma força que é difícil
contrapor. A manifestação contra essa força é a Parada Gay”, afirmou.
Para o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad (PT), muitas vezes, aqueles que têm um comportamento
homofóbico, em algum momento, teve de lutar por sua liberdade. “Quem
defende mais liberdade, mais tolerância, não pode negar esse direito a
outra comunidade. A cidade de São Paulo é contra qualquer forma de
perseguição”, disse.
O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), afirma que São Paulo sempre teve compromisso com os
direitos humanos. “Fomos o primeiro Estado, em 2001, a criminalizar a
homofobia”, afirmou.
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